Escrito por Luiz Marins
Havia um país que colonizava outro. É sempre assim, tem sempre um país que coloniza outro, ou vários países que colonizam outros. Mas, esse país que colonizava outro, era, por sua vez, colonizado por outro, que mandava nos mares com uma invencível armada. Esse país, que colonizava outro e que era colônia de um terceiro, era muito pequeno e tinha frente voltada para seus vizinhos de fronteira e o traseiro voltado para o mar. Ninguém ligava para ele. Seus habitantes eram tidos como “super-ingênuos” e às vezes eram até chamados de “portuga”, o que até hoje não consegui decifrar o que significava na época. Coisa boa, me parece, não era!
Mas voltando àquele país que colonizava outro e que por sua vez era colonizado por um terceiro, seu povo, vendo que ninguém à sua frente ligava para suas idéias geniais, resolveu voltar-se e explorar o seu traseiro, isto é, o mar. E assim, esse pequenino país, de tanto explorar o mar, tirando dele bacalhaus da Noruega e outros apetrechos marítimos, acabou por descobrir o astroláio, a “vússula” (como diziam na época) e depois de muito tempo uma senhora descobriu a Cara-vela que flutuava sem apagar-se. Foi uma loucura e todos os habitantes desse pequeno país puseram-se ao mar, a descobrir terras. Era terra descoberta que não acabava mais!
Até que o Rei desse país proibiu descobrir mais terras. Isto porque não tinha nesse país gente suficiente para sair e colonizar as novas terras. “- Quem descobrir mais terras, proclamou o Rei, será deportado!”. Mas como não tinham mais para onde deportar tantos descobridores, o Rei abriu uma exceção para descobrirem, por acaso, (essa foi a ordem do Rei, para não ficar desmoralizado de ter voltado atrás numa de suas mais severas ordens), uma grande terra que, devido ao acaso, não conseguiam os “descobridores” saber se era um “monte”, uma ilha ou uma terra, ou simplesmente uma amontoado de madeiras avermelhadas que na época já eram extraídas aos montões pelas multinacionais e cujo nome me escapa no momento. Hoje, já se decidiu que era um “monte” mesmo…
Para essa nova terra, mandavam todos os que descobriram novas terras e portanto desrespeitavam o Rei. Foi tanta gente que foi para essa terra que o velho país quase ficou sem ninguém. Até que o próprio Rei, vendo que ia ficar sozinho resolveu também se deportar! Foi criado o Reino Unido (sic) que nada tinha a ver com o United Kingdom embora fosse aquele o país que colonizava o primeiro. Mas, deixa prá lá, que isso é muito complicado prá explicar.
Até aí tudo bem. O problema surgiu quando o Rei depois de ver tudo o que tinha naquele país novo de deportados, resolveu deportar-se de volta para sua origem. Deixou porém, na nova terra seu filho, Lourenço Simões Nogueira, mas conhecido como L.S.N.
O Lourenço, ou L.S.N. como era conhecido, vivia ameaçando todo mundo. O negócio dele era enquadrar! Não mandava como seu pai tinha mandado, ele logo enquadrava! Todo mundo morria de medo do L.S.N.
Mas em toda história surge um herói. E dizem que do Nordeste dessa terra, surgiu um novo herói de nome Fernão Manuel Izidoro, mais conhecido como F.M.I. e que logo se descobriu que tinha vindo do país que colonizava o país que colonizava a nova terra, disfarçado de “salvador austero”!
O povo dessa terra ficou feliz quando o F.M.I. chegou! Todo mundo acreditava nele. O Fernão era simpático. Surgiu até um comentário que ele (F.M.I.) tinha dado fim (isto é: Deufim) no L.S.N.! Mas qual! tudo mentira! Os dois eram um pau só!
Mas os leitores se perguntarão: como poderiam os habitantes viver num país como aquele? E aí vem a grande resposta que só mesmo a “criatividade” daquele povo era capaz de imaginar: Primeiro mandaram F.M.I. de volta para aquele ligar, isto é, de onde por certo havia saído. Segundo, o povo criou a “Doutrina do Cerca-Lourenço” que consistia em o povo fazer rodízio e ficar entretendo o filho do Rei (Lourenço) com coisas sem nenhum significado, mas que o mantivesse ocupado e crente que estava fazendo alguma coisa importante.
A “Doutrina do Cerca-Lourenço” que no fundo significava “enganar o filho do Rei e por conseqüência o próprio povo, foi um sucesso! Primeiro que o Rei (isto é o filho, que a essa altura já tinha comprado com recursos externos o título de Rei, subornando uma meia-dúzia de “durões”), se mantinha ocupado com absolutamente nada: fazia discursos, visitava os parentes, mandava mensagens ternas para seu pai ( o verdadeiro Rei), abria poços bem fundos em todos os lugares, pois dizia que ia encontrar um tal líquido que faria os burros voarem se o bebessem, tornando assim, a nova terra independente da exploração, etc. O povo, vivia feliz (sic) fazendo o “Cerca-Lourenço”, cercando o novo Rei em todos os lugares, para que ele nunca fizesse nada de sério, pois, por certo seria o desastre total!
O povo porém, enfraquecido pela alimentação pouca e fraca, não conseguia raciocinar direito e portanto não percebia que a “Doutrina do Cerca-Lourenço” havia permeado toda a vida daquele país. Ninguém mais fazia nada sério. Tudo era um grande “Cerca-Lourenço”. O encanador, ao invés de consertar o cano, fazia um “Cerca-Lourenço”, recebia o dinheiro e ia embora. O eletricista, ao invés de fazer a instalação de maneira correta, fazia apenas um “Cerca-Lourenço” para enganar o freguês e se mandava. A Doutrina do “Cerca-Lourenço” havia se alastrado como uma doutrina de Cercança Nacional! Todo mundo só fazia “Cerca-Lourenço”!!
Houve até quem se propusesse a chamar de novo o F.M.I.. E o Fernão Manuel Izidoro voltou! Mas deram nele um “Cerca-Lourenço” tão grande que ele desistiu de pôr a cada em ordem e também se mandou de novo para aquele lugar ( de onde, segundo muitos, nunca deveria ter saído). E contam que deram nele um “Cerca-Lourenço” tão bem dado, que até hoje ele não ficou sabendo quanto era a dívida real daquela terra, pois cada dia os governantes apresentavam um novo número, um novo dado, uma nova desculpa, um novo “Cerca-Lourenço”, enfim!
Eu não acredito, mas comenta-se que hoje o F.M.I. também adotou a Doutrina do “Cerca-Lourenço” lá naquele lugar, e que até lá deu certo!
Mas o final da história é o mais incrível: De tanto fazer “Cerca-Lourenço, construindo rodovias que ligavam nada a nada mais; pontes imensas que atravessavam o mar; usinas que geravam força que nem tinha como ser usada, o tal país começou ficar cada vez mais pobre. Teve que importar feijão e arroz, e o milho era comprado à base de 30 dinheiros à saca no mercado de Roterdão, que ficava longe à beça.
O povo continuava confiando, pois diziam que Deus havia optado pela cidadania daquele país! E o “Cerca-Lourenço” continuava agora incrementado por empresas cujo dono era o próprio governo! Elas davam um prejuízo imenso. Mas bastava um “Cerca-Lourenço” contábil e …zap! O prejuízo se transformava em lucro! A dívida do país era brutal!
Tudo ia mal mesmo, até que um político do interior, de uma cidade muito
estranha, um político de origem humilde, que contavam ter nascido numa casa branca de muitas portas e sem chaves, portanto, muito otimista, descobriu a solução que salvou o país!
Reuniu todos os homens de bem, foram até à O.N.U e expuseram a Doutrina “Cerca-Lourenço”, totalmente desenvolvida em seu país e portanto a única coisa sobre a qual não pagavam “royalts”. Numa exposição cheia de “slides, filmes coloridos, alguns cromos mostrando as obras feitas, enfim, num tremendo “Cerca-Lourenço” daqueles de dar inveja ao próprio criador, conseguiram a intento: Venderam para os Estados Unidos, Rússia e Europa, os direitos autorais da Doutrina do “Cerca-Lourenço” que foi tão bem aceita por todos que, por conta do “Cerca-Lourenço, perdoaram todas as dívidas daquele povo! O país ficou cheio de dinheiro e sem dívidas!
Essa é a história de um país que se salvou a si mesmo!