Dois acadêmicos italianos, Gloria Origgi, pesquisadora e filósofa no Instituto Jean Nicod, em Paris, e Diego Gambetta, professor de sociologia na Universidade de Oxford, Grã-Bretanha fizeram um estudo, pela Universidade de Oxford, que eles chamam de “Kakonomia” (Kakos em grego clássico significa “mau”, “ruim”, “imperfeito”). Sua pesquisa nasceu de observar como a vida funciona de forma diferente na Itália em relação a, por exemplo, Alemanha, França e Reino Unido.
A pesquisa partiu da constatação de que, na Itália (e talvez seja a realidade do Brasil) muitas vezes os indivíduos agem, conscientemente ou não, para alcançar o menor resultado possível, não se esforçando pela excelência, pela perfeição. E eles dizem que essa aceitação do resultado mais medíocre parece ter a ver com um número cada vez maior de pessoas rejeitando o que é percebido como uma tirania da excelência. “Às vezes, toda essa retórica sobre eficiência simplesmente é insuportável. Às vezes as pessoas gostam de poder relaxar”, explica Origgi. Talvez isso explique a atração exercida pela dolce vita italiana – um estilo de vida mais sossegado. Por outro lado, la dolce vita tem um preço – o sacrifício de padrões de qualidade superiores, dizem os pesquisadores. “Muitos de nós lutam para estar entre os melhores e maiores – mas será que a ‘tirania da excelência’ não está prejudicando as pessoas?”, pergunta a jornalista Manuela Saragosa, da BBC de Londres.
A pergunta, portanto, que temos que responder é como conseguir o equilíbrio entre a busca da perfeição, a excelência, a ausência de mediocridade, o total cumprimento dos deveres e uma vida mentalmente saudável, equilibrada, sem níveis insuportáveis de estresse, inovadora, criativa, onde o erro honesto seja permitido e até incentivado. Muitas vezes, de fato, a exigência do tudo 100% perfeito pode se transformar numa verdadeira tirania desumana e mesmo desnecessária, ao mesmo tempo que a complacência com o erro, com o descaso, com a permissividade no falhar, pode tornar a vida em sociedade insuportável.
O que fazer? A verdade é que para resolver esse dilema só nos resta a busca do equilíbrio, através do diálogo, da empatia, da generosidade, da verdadeira compaixão, do respeito, enfim, da construção de uma sociedade alicerçada em valores e princípios humanos elevados.
Pense nisso. Sucesso!