PESSOAS BOAS NO AMBIENTE DE TRABALHO
Luiz Marins
Participei de uma conferência internacional sobre comportamento no ambiente de trabalho, e um dos temas mais debatidos foi se, nos dias de hoje, ainda vale a pena ser uma pessoa boa, gentil, colaborativa etc. no ambiente de trabalho.
Esse tema (nice people at work) tem sido discutido no mundo todo em função da percepção de que, principalmente as gerações mais novas, não se sentem engajadas em seu trabalho.
Essa preocupação tem sido grande porque é comprovado e evidente que a bondade e a gentileza criam um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo. Quando os colaboradores se tratam com respeito e consideração, a moral do time todo aumenta, resultando em maior satisfação e produtividade no trabalho.
Além disso, pessoas boas e gentis costumam estabelecer conexões mais profundas com colegas e superiores. Essas relações levam a um melhor trabalho em equipe, colaboração e a oportunidades de crescimento profissional.
Outra constatação das pesquisas mundiais é que ser gentil se traduz em uma maior capacidade de empatia. Isso permite que a pessoa entenda melhor as dificuldades das outras, promovendo um ambiente onde os colaboradores se sentem apoiados e valorizados.
Além disso, uma pessoa conhecida por sua bondade e disposição em colaborar sempre terá uma reputação positiva, o que pode abrir portas para oportunidades futuras e promoções. A gentileza, a educação, a polidez são qualidades admiradas e podem ser um grande diferencial num ambiente competitivo.
Os participantes da conferência sobre comportamento no trabalho da qual participei, também chamaram a atenção para a importância de a empresa ou organização prestarem atenção a essas pessoas boas, gentis e colaborativas por que, muitas vezes, infelizmente, pessoas muito boas e gentis podem ser exploradas. Colegas de trabalho podem aproveitar-se da disposição de ajudar, sobrecarregando a pessoa com tarefas ou responsabilidades adicionais.
Outro aspecto discutido foi que, a gentileza pode dificultar a assertividade. Muitas vezes, quem é excessivamente gentil pode ter dificuldades em impor limites, o que pode levar a estresse e burnout. Assim, a empresa deve observar se essas pessoas boas não estão sendo exploradas por seus colegas e mesmo superiores de forma demasiada.
Também é preciso muito diálogo entre líderes e liderados, pois em alguns ambientes de trabalho, a bondade pode ser vista como fraqueza. Isso pode resultar em desrespeito ou em menosprezo por parte de colegas que podem não valorizar essas qualidades em seus colegas, criando mesmo um perigoso ambiente de bullying.
Os líderes e gestores devem também cuidar para que a educação e a gentileza não sejam fins em si mesmas, fazendo com que em situações desafiadoras, a necessidade de ser gentil dificulte ou até impeça a tomada de decisões difíceis. Às vezes, é necessário ser firme e direto, e a preocupação em não ferir os sentimentos dos outros pode interferir na assertividade e na eficácia das decisões.
A conclusão a que chegamos é que cabe à liderança encontrar um equilíbrio, conhecendo e observando bem seus liderados. ´
É claro que ter em nossa empresa ou organização pessoas gentis, polidas, educadas e colaborativas é altamente positivo e devemos trabalhar, incessantemente, para aumentar esses valores em nossos colaboradores.
Porém, essas virtudes todas precisam ser alinhadas à assertividade, objetivos claros e definidos e firmeza nas decisões. Só assim serão poderosas ferramentas para o aumento do engajamento, a motivação e o sucesso das pessoas e da empresa.
Pense nisso. Sucesso!